Jesus disse: "por se multiplicar a iniquidade o amor de muitos esfriará".
Nos tempos trabalhosos em que vivemos precisamos não somente ORAR, mas OLHAR e VIGIAR, pois os dias são difíceis e constantemente somos bombardeados por "ventos de doutrinas" que vem para desvirtuar os incautos.
"Aumenta a nossa fé" foi o pedido que os
discípulos formularam a Jesus depois Dele lhes ter apresentado a lei do perdão,
a necessidade de perdoar até sete vezes se um irmão nos ofender durante o
dia. Pedido mais que verdadeiro, mais que
necessário, face à nossa fragilidade, face ao assumir que o outro nos ofende
esquecendo-nos de quanto nós mesmos ofendemos. Pedido necessário diante da nossa
dificuldade em nos colocarmos no lugar do outro, em perceber as suas fraquezas e
debilidades, que não somos melhores ou não fizemos melhor. Os Discípulos oraram: "Senhor, aumenta a nossa FÉ" (Lc 17.5); precisamos também fazer o mesmo.
Queridos, meditemos no texto abaixo, oremos e nos dediquemos à Palavra de Deus, pois a FÉ NÃO PODE FALHAR!
QUANDO A FÉ FALHA:
A fé de alguns cristãos faliu, isso mesmo, e
não estou me referindo aos dos Estados Unidos ou da Europa, mas a alguns
evangélicos do Brasil. A Europa se tornou pós-cristã faz tempo, o continente
que conheceu e difundiu a fé evangélica está entregue nas mãos do ocultismo e
do ateísmo. Os Estados Unidos já não é mais como era antes, o materialismo
sacudiu a nação de tal modo que a prosperidade financeira tornou-se a razão de
ser da existência. O sonho dos pioneiros, de construir uma nação com liberdade para
cultuar a Deus, reduziu-se ao consumismo desenfreado, produto de um capitalismo
degenerador.
O Brasil caminha na mesma direção, ainda que
continuemos tendo um número crescente de evangélicos. O problema é que o
movimento evangélico brasileiro está se secularizando. Antigamente os
evangélicos era minoria, ficavam à margem da sociedade, não eram ouvidos,
sequer notados. Mas a realidade se inverteu, ser evangélico, neste país, é algo
normal. Há muitos que aderem aos evangélicos, sem compreender a dimensão global
e integral do evangelho de Cristo. Testemunhamos uma descaracterização gradual
da fé, especialmente quando essa deixa de surtir o efeito que lhe é próprio.
Essa verdade é constatável nas palavras do Senhor
Jesus, quando indagou aos Seus discípulos: porventura encontrará fé na terra
quando retornar o Filho do Homem? Jesus adiantou que pela falta de amor a fé de
muitos viria a esfriar. Um destaque para essa relação: a ausência de amor é
proporcional ao declínio da fé. Alguns cristãos evangélicos não amam a Deus,
muito menos ao próximo, apenas a eles mesmos. A fé, como bem a define o autor
da Epístola aos Hebreus, é o firme fundamento das coisas que se esperam, mas
que se não vêem. Essa é uma definição prática da fé cristã, isso quer dizer que
crer traz implicações.
A falência da fé de alguns evangélicos é justamente
essa, aqueles que a assumem não vivem em conformidade com os princípios
cristãos. Não me refiro apenas aos aspectos morais, considerando que temas como
novo nascimento e nova criatura saíram da pauta de muitas pregações (onde ainda
há pregação e ensino). Há outras dimensões da fé cristã que estão sendo
desconsideradas, práticas que são assumidas como normais, mas que nada têm de
verdade bíblica. A ânsia descomunal pelo ter em detrimento do ser é a principal
delas. Alguns evangélicos não se conformam a um estilo de vida simples, abraçam
o consumismo com se vida estivesse escorrendo pelos dedos. A prosperidade
financeira acaba justificando os meios.
A ética do “jeitinho brasileiro” incorporou-se a
pauta de alguns evangélicos, atitudes reprováveis se naturalizaram, a benção
tornou-se o fim último, o Abençoador pouco interessa. Testemunhamos uma total
imanência da fé, isto é, atitudes que se coadunam muito mais com a expressão
paulina de reprovação aos cristãos de Corinto: “comamos e bebamos que amanhã
morreremos”. E é justamente nesse particular que a fé entra em falência. Alguns
evangélicos não conseguem mais lidar com a perda e a morte, essas se tornaram
motivos de pavor. Tomados pelo materialismo, muitos evangélicos vivem ansiosos,
na expectativa do que acumularão para os anos seguintes. A autoconfiança, ao
invés da expectativa em Deus, passou a ser o trunfo.
Como não há mais certezas, a esperança também
desaba, o amor sacrificial torna-se algo utópico. A morte, que outrora era
acatada como um portal para a eternidade, é motivo de pânico. Alguns
evangélicos têm pavor da morte, quando a doença terminal chega, eles entram em
colapso, muitos até chegam a dizer que determinado irmão ou irmã perdeu a luta
contra a doença. Paulo, em sua Epístola aos Romanos, diz que nada,
absolutamente, nada nos separará do amor de Cristo, nem mesmo a morte. Jesus
ensinou aos seus discípulos a não temerem a morte, paradoxalmente, essa,
vencida no sacrifício do calvário, ainda causa calafrios em muitos evangélicos.
A falência da fé de alguns não está apenas não
ausência da fé bíblica, na disposição incondicional para acreditar,
independentemente das circunstâncias. Mas na esperança, aqueles que vivem
apenas na dimensão horizontal, mesmo dizendo que acreditam, não conseguem olhar
para o amanhã a partir da convicção de Cristo, o Senhor da história. Como os
crentes de Tessalônica, ficam atemorizados quando a morte se torne iminente.
Mas a pior consequência da falência da fé é a ausência de amor, isso porque
quando perdemos a fé, a esperança fica restrita ao tempo presente, centramos a
atenção no ego, perdemos a capacidade de olhar para o outro. Por isso, como
destaca Paulo, Permanece a fé, a esperança e o amor, mais o maior desses é o
amor.
(Fonte:
Crônicas Espirituais - José Roberto A. Barbosa)